CARTA ABERTA - Futuras Au Pairs e imigrantes
- Lolly Tancredi
- 2 de out. de 2023
- 3 min de leitura
Bonjour tout le monde! É, a vida de imigrante realmente não é fácil e é sobre isso que quero conversar com você. Mas me responde primeiro: Você já teve alguma experiência de longa estância fora de casa?

Se eu posso ser sincera, quando iniciei a minha vida "nomade", não pensei e nem imaginei, muito menos fui atrás de informações, que eu passaria por os tantos famosos perrengues: língua, homesick, solidão, solitude, descobertas e redescobertas de uma nova eu, ter que aprender regras e lei outra vez, entre muitos outros. Pelo contrário, sai de casa, apenas com o planejamento de um ano da minha vida pra frente e com a segura certeza que depois iria voltar pra casa e seguir vida normal. Mas acho que poucos te contam que a vida nunca mais é a mesma depois que você resolve sair pela porta do nosso lar e sair em busca de novas aventuras e horizontes.
Tenho que confessar também, que os primeiros meses, como os 6 primeiros meses, eu ainda não tinha entendido que eu já tinha mudado por completo. Era um pouco óbvio, mas pra mim, e como eu já notei que com a maioria os intercambistas, entendemos tudo isso como uma grande viagem e nada mais.
Esse ano, 2023, já é praticamente meu 3 ano longe de casa. E não longe de casa físicamente, até porque passei um ano morando na minha primeira casa, onde eu cresci e aprendi tudo o que sou hoje. Mas eu digo que passeo quase 3 anos fora de casa, porque depois de quase 1 ano fora, entendi que tinha mudado. E posso te contar? Me deu muito medo!! E durante muito tempo, senti que eu era um farsa ou que as pessoas ao meu redor não me conheciam mais e não faziam nem esforços para tal. Fui um período bem díficil, mas diria que o mais bonito. Entendi que vida de imigrante/nomade é ser uma pura metamorfose ambulante.
Existem muitos e muitos estudos dizendo que um ano fora da sua zona de conforto, é considerado quatro á cinco anos no seu país. E eu sempre entendia esse pensamento mas claro, na prática é outra coisa.
Já tive muitos momentos em que eu achei que iria colapsar, mas incrívelmente, sempre consigo achar uma solução. E sei que não é só comigo. É incrível ver como nosso corpo e mente consegue se adequar a tudo. Nosso cérebro vai criando novos caminhos e novas sinapses vão sendo formadas. Em um passo de mágica, você consegue se colocar no lugar do outro sem muito esforço. Em pouco tempo, você está super habituado a se comunicar em outra língua. Como um estralar de dedos, você vai ter mudado por completo seus gostos alimentares.
E durante esses três anos de muita aventura, sempre estive pensando se essa realmente era a melhor decisão porque claro, não posso desconsiderar as quinhentas vezes que choro no quarto sem força nenhuma para levantar da cama e enfrentar o que me espera. Também não posso desconsiderar que sinto uma falta enorme de passar o final de semana com a minha família. Ou que, no Brasil, facilmente eu poderia em um boteco na quarta-feira para comer uma bela feijoada...
Mas eu digo que sim, vale cada segundo de esforço estar morando em um lugar totalmente desconhecido. Eu me sinto tão orgulhosa de mim. E novamente, sei que não é só comigo.
Hoje eu falo quatro línguas no meu dia a dia, moro em um excelente lugar, sei que tenho condições de viajar e ter novas aventuras, sou mais consciente comigo mesma e para com o próximo, e muitos outros pontos da minha vida e personalidade que me deixam... UAU! E sim, ainda me sinto muito turista em muitos dias da minha vida hahahaha Principalmente de final de semana.
Mas sim, queria te dizer que poucas pessoas falam o quão é difícil manter uma boa saúde mental fora de casa, o quão difícil é o simples fato de ir em um mercado em outra língua, com outros alimentos totalmente diferente. Porém eu posso te dar total certeza que vale cada segundo. É praticamente um nova novela a cada dia, mas assim a gente vai construindo a nossa história.
Mas e aí? Te vejo em uma próxima aventura?
Te vejo por aí ;)
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